A primeira palestra do XVI Congresso Nacional da Pastoral Familiar, realizada nesta sexta-feira (26), em Governador Celso Ramos (SC), foi conduzida pelo Padre Rafael Solano, que abordou os desafios do mundo de hoje para a família cristã. O sacerdote da arquidiocese de Londrina (PR) é mestre e doutor em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e pós-doutorado em Teologia Moral e Familiar pelo Pontifício Instituto João Paulo II de Roma.
Os desafios e a forma de superá-los foram divididos pelo Pe. Rafael Solano em nove pontos, definidos por ele como bem-aventuranças. A primeira delas está relacionada à cultura e à linguagem que hoje está presente no mundo. Solano destacou que a mudança cultural entre os séculos XX e XXI é muito grande. “A família inserida na cultura está chamada a uma nova bem-aventurança. É bem possível que talvez nós não estejamos escutando o mundo. Bem aventuradas as famílias que inseridas no mundo, começam a ser fermento na massa do mundo”, apontou.
Na sequência, o doutor em Teologia Moral apontou a necessidade da Pastoral Familiar investir na formação das famílias para dar uma resposta diante das dificuldades impostas pelo mundo. “No mundo, a estrutura muda frequentemente. As famílias hoje estão completamente caladas, silenciadas. A família é um projeto trinitário. Devemos estar preparados para que dentro do mundo possam falar sobre e testemunhar Deus”, disse.
Filhos
Amor e autonomia também foram temas abordados pelo palestrante ao analisar que muitas famílias não amam seus filhos, mas os dominam. “Os pais do século 21 não são pais corujas. São pais dominadores de corujas. Precisam resgatar o conceito de autonomia da pessoa humana. A maior crise que vejo nos meus estudantes é a incapacidade de decidir. Sinto na pele deles o medo terrível de decidir”, avaliou.
Combate às ideologias do mundo
Pe. Rafael ainda ressaltou a importância de dialogar com Estados soberbos, que querem decidir sobre temas como a vida. “O Dia do Nascituro não pode ser um dia qualquer. Devemos gritar com todo o pulmão ‘viva ao nascituro!’. A cultura pró-abortista não nasce no aborto, nasce na terrível condição dos países que propõe o uso dos contraceptivos violentamentamente”, apontou. “O mundo diz: use camisinha. Nós dizemos, seja casto”, completou.
Além disso, o sacerdote destacou da doação e do sentido cristão da sexualidade, ao dizer que no casamento cristão há entrega, fidelidade e união exclusiva. “Quando o casal é exclusivo, por mais que as situações possam lhe atingir, a dignidade da pessoa sempre estará salvaguardada”, explicou.
Alegria e perdão
A alegria familiar foi um ponto fundamental da palestra do Pe. Rafael Solano Isto porque em muitos países, como explicou, há muitas famílias que não têm mais tios, primos e criam espaços curtos de convivência. “A Amoris Laetitia nos convida a criar uma relação familiar alargada”, lembrou.
Por fim, o palestrante fez um convite à ternura e ao perdão no ambiente familiar e na vida cotidiana . “Não me interpretem mal, mas estamos cada vez mais agressivos. Está nos faltando proximidade e ternura. Temos que nos perdoar. O perdão cristão chega ao ponto de dizer eu te perdoo. Nos leva a dar um novo significado à nossa vida cristã”, afirmou. “A experiência do perdão nos leva a mudar todos os estilos de vida. Deus nos deu a graça de nos perdoarmos”, concluiu.