“A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja”. Essa frase do Papa Francisco dá início à exortação apostólica Amoris Laetitia, sobre o amor na família. O documento é a mais expressiva das diversas iniciativas do pontífice voltadas para a família nesses 10 anos de pontificado, completados nesta segunda-feira, 13 de março.
O Portal Vida e Família escolheu entre as várias ações pastorais, reflexões e ensinamentos sobre a vida familiar as 10 mais importantes. Confira:
1. Os dois Sínodos sobre a família – 2014 e 2015
Em 2014, o Papa Francisco convocou a III Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, com o tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Na abertura da assembleia, em outubro daquele ano, o Papa disse que “o Senhor pede-nos para cuidarmos da família, que, desde os primórdios, é parte integrante do desígnio de amor que ele tem para a humanidade”.
Já em 2015, ocorreu a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. Na abertura da assembleia, Francisco recordou o “contexto social e matrimonial bastante difícil” e disse que a Igreja é chamada a viver a sua missão “na fidelidade, na verdade e na caridade”.
“A Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade ao seu Mestre como voz que grita no deserto, para defender o amor fiel e encorajar as inúmeras famílias que vivem o seu matrimônio como um espaço onde se manifesta o amor divino; para defender a sacralidade da vida, de toda a vida; para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente”.
Papa Francisco na abertura da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2015
2. Catequeses sobre a família
Ainda em 2014, logo após a primeira assembleia do sínodo sobre a família, o Papa Francisco deu início à série de catequeses sobre a família. Foram 33 catequeses sobre a vida e a vocação familiares. Francisco refletiu sobre as figuras da mãe, do pai, dos filhos, dos irmãos, dos avós, sobre a relação entre o homem e a mulher, tratou sobre o matrimônio, educação, família e pobreza, a morte, a doença, as feridas, o trabalho e ainda sobre virtudes para a vida familiar.
3. Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Laetitia
Em 2016, após as duas assembleias sinodais, Francisco publicou a exortação apostólica Amoris Laetitia, na qual ele reconhece os sinais de crise presentes na realidade familiar, mas reforça que «o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja». No documento, ele reafirma o anúncio cristão sobre a família como “verdadeiramente uma boa notícia”.
Francisco abre o documento inspirado na Sagrada Escritura, depois contextualiza a situação atual das famílias. Na sequência, recorda “elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família, seguindo-se os dois capítulos centrais, dedicados ao amor”. Em seguida ele destaca “alguns caminhos pastorais que nos levem a construir famílias sólidas e fecundas segundo o plano de Deus”. Francisco também dedicou um capítulo à educação dos filhos. Lançada durante o Jubileu da Misericórdia, a exortação tem um “convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor nos propõe”. Finalmente, Francisco oferece “breves linhas de espiritualidade familiar”.
4. Ano da Misericórdia
O Jubileu Extraordinário da Misericórdia foi vivido na Igreja de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016. Foi momento especial convocado pelo Papa Francisco para que os católicos fixassem o olhar de maneira mais intensa na misericórdia, “para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai”. Foi um “tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes”.
No encerramento do Jubileu, o Papa Francisco publicou a carta Misericordia et Misera, na qual ele comemora os “muitos sinais concretos de misericórdia” que foram realizados nas comunidades, famílias e indivíduos crentes, como redescoberta da alegria da partilha e da beleza da solidariedade”.
No mesmo texto porém, Francisco salienta a necessidade que o mundo possui das obras de misericórdia, frente a realidades como a fome e a sede, a migração, as doenças, as condições desumanas nos presídios, o analfabetismo e a escravidão e a cultura do individualismo exacerbado. “O próprio Deus continua a ser hoje um desconhecido para muitos; isto constitui a maior pobreza e o maior obstáculo para o reconhecimento da dignidade inviolável da vida humana”, disse o Papa.
5. Reforma do processo de declaração de nulidade matrimonial
Em 2015, Francisco procedeu com a reforma dos processos de nulidade do matrimônio com a carta apostólica em forma de «motu proprio» Mitis Iudex Dominus Iesus.
O documento atende aos pedidos por processos mais rápidos e acessíveis. E contém as disposições que favorecem, “não a nulidade dos matrimônios, mas a celeridade dos processos”, uma “justa simplificação, para que, por causa da demora na definição do juízo, o coração dos fiéis que aguardam pelo esclarecimento do seu próprio estado não seja longamente oprimido pelas trevas da dúvida”.
6. Encontros Mundiais da Família
Francisco esteve à frente de 3 Encontros Mundiais da Família. O primeiro, em 2015, na 8ª edição, realizada na Filadélfia, nos Estados Unidos. Naquela oportunidade, foi refletido o tema “O amor é a nossa missão, a família plenamente viva”. Já em 2018, Francisco foi a Dublin, na Irlanda, e pôde aprofundar com as famílias o tema “O Evangelho da família: alegria para o mundo”.
O mais recente encontro foi realizado em Roma, em 2022, na conclusão do Ano Família Amoris Laetitia. De forma especial, essa que foi a décima edição marcou o retorno de um grande evento presencial após a pandemia e também foi realizado de forma multicêntrica, em todas as dioceses do mundo. O tema escolhido foi “O amor familiar: vocação e caminho de santidade”.
7. Sínodo dos Jovens
O Sínodo dos Jovens, presidido pelo Papa Francisco em 2018, foi ocasião para motivar a juventude a ter coragem de assumir sua vocação. Na abertura da assembleia, por exemplo, Francisco agradeceu aos jovens que apostam que vale a pena nadar contracorrente e aderir a valores altos, como a família, a fidelidade, o amor, a fé, o sacrifício, o serviço, a vida eterna.
Já na exortação fruto desse momento de reflexão, a Christus Vivit, o Papa garante que vale a pena apostar na família e que nela os jovens encontrarão “os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar”. E afirma: “Não deixeis que vos roubem a possibilidade de amar a sério. Não permitais que vos enganem quantos vos propõem uma vida desenfreada e individualista que acaba por levar ao isolamento e à pior solidão”.
8. Ano de São José
No desafiador contexto da pandemia da Covid-19, o Papa Francisco publicou a Carta apostólica “Patris corde – Com coração de Pai”. Era o dia 8 de dezembro de 2020, data em que fazia-se memória dos 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica. Naquela data, teve início o Ano de São José, ocasião para refletir sobre a figura paterna de José: pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento; pai com coragem criativa, trabalhador, sempre na sombra.
9. Ano Família Amoris Laetitia
Cinco anos depois da publicação da exortação apostólica sobre o amor na família, Francisco quis dar novo impulso ao documento. O Ano “Família Amoris Laetitia” foi celebrado de 19 de março de 2021 até 26 de junho de 2022 com propostas de caráter espiritual, pastoral e cultural na evangelização das famílias.
10. Criação das Jornadas Mundiais dos Idosos
O Santo Padre Francisco decidiu estabelecer em toda a Igreja a celebração da Jornada Mundial dos Avós e dos Idosos, realizada a partir de 2021, no quarto domingo de julho, próximo à memória litúrgica dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus.
No primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, Francisco quis expressar que toda a Igreja está solidária com os avós e idosos, preocupa-se cada um, ama-os e não quer deixa-los abandonados. “Oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo!”, desejou o Papa.