A Igreja celebra no próximo domingo, 22 de novembro, a Solenidade de Cristo Reio do Universo. Junto com esta celebração que encerra o Ano Litúrgico, aqui no Brasil tem lugar uma comemoração dedicada a todos os cristãos leigos e leigas, aqueles que atuam na Igreja a partir do Batismo, sem um ministério ordenado. São os milhões de homens e mulheres, jovens e crianças que contribuem na missão de edificar o Reino de Deus, colaborando com a missão desempenhada pelos religiosos e religiosas, diáconos, padres e bispos.
Essa atuação laical tem um protagonismo incentivado desde o Concílio Vaticano II, tema que é objeto de diversas reflexões. Segundo o bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Giovane Pereira de Melo, não dá para pensar uma Igreja povo de Deus, a partir do Concílio Vaticano II, sem pensar na participação e no protagonismo dos cristãos leigos e leigas.
E esse protagonismo é a raiz da Pastoral Familiar, que nasceu, se mantém e cresce por meio da força de homens e mulheres decididos em evangelizar.
“O nosso laicato é um laicato ativo que procura se organizar e está presente nos diversos espaços eclesiais, na liderança, à frente das comunidades eclesiais, à frente das pastorais sociais, em associações e movimentos e outros organismos da Igreja”, disse dom Giovane.
Sobre isso, o Documento 105 da CNBB “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da Terra e luz do Mundo” faz vários apontamentos, destacando, por exemplo, que os leigos que atuam nas nossas comunidades são casais cristãos que crescem na santidade familiar.
O texto também ensina que os cristãos leigos e leigas se santificam pela inserção nas realidades, na participação das atividades terrenas, no cotidiano, na vida familiar, profissional e social.
Os bispos do Brasil consideram a família o âmbito não só da geração, mas também do acolhimento da vida que chega como um presente de Deus. Também ressaltam que na celebração do sacramento do matrimônio os cristãos leigos exercem seu sacerdócio batismal.
“Eles são os ministros da celebração. Exercem seu sacerdócio, não só na celebração, mas igualmente na consumação do sacramento, na geração e educação dos filhos. Santificam-se no cotidiano da família, Igreja doméstica”.
Entre as diversas dimensões de atuação, está a ação transformadora do cristão leigo e leiga no mundo. O Documento 105 da CNBB aponta diferentes modos de realização desta ação, sendo a família o primeiro lugar de “testemunho como presença que anuncia Jesus Cristo”. Na sequência, a ética e a competência no ambiente profissional; o anúncio querigmático nos encontros pessoais, nas visitas domiciliares e no ambiente de trabalho; também os serviços, pastorais e ministérios pelos quais os cristãos leigos marcam presença no mundo; a inserção na vida social através das pastorais sociais; e os meios de organização e atuação na vida cultural e política com vistas para o mundo justo, sustentável e fraterno.
São João Paulo II lembra que: “Ao descobrir e viver a própria vocação e missão os fiéis leigos devem ser formados para aquela unidade de que está assinalada a sua própria situação de membros da Igreja e de cidadãos da sociedade humana”.
Na exortação apostólica Amoris Laetitia – sobre a alegria do amor na família, o Papa Francisco fala da necessidade de a Igreja encorajar e apoiar os leigos que se comprometem, como cristãos, no âmbito cultural e sociopolítico, diante dos “condicionalismos culturais, sociais, políticos e econômicos”, bem como do “espaço excessivo dado à lógica do mercado, que impedem uma vida familiar autêntica, gerando discriminação, pobreza, exclusão e violência”.
Para o Papa Francisco, a Pastoral Familiar «deve fazer experimentar que o Evangelho da família é resposta às expectativas mais profundas da pessoa humana: a sua dignidade e plena realização na reciprocidade, na comunhão e na fecundidade. Não se trata apenas de apresentar uma normativa, mas de propor valores, correspondendo à necessidade deles que se constata hoje, mesmo nos países mais secularizados».