O Papa Francisco elogiou o ato da adoção em catequese realizada da Audiência Geral desta quarta-feira (5), na Sala Paulo VI, no Vaticano. O tema se insere nas reflexões que o Pontífice vem fazendo sobre a figura de São José. “É uma atitude tão generosa e positiva”, disse.
Francisco comentou que como pai oficial de Jesus, José exerce o direito de impor o nome ao filho, reconhecendo-o juridicamente. Ele lembrou que dar o nome a alguém ou a algo significava afirmar a própria autoridade sobre o que era denominado, como fez Adão quando conferiu um nome a todos os animais. “José sabe que para o filho de Maria havia um nome estabelecido por Deus: “Jesus”, que significa “O Senhor salva”, como o Anjo lhe explicou: “Porque ele salvará o povo dos seus pecados”, apontou o Santo Padre.
“Acredito que seja muito importante pensar a paternidade hoje, porque vivemos uma época de orfandade notória. É curioso! A nossa civilização é um pouco órfã e se sente essa orfandade. Que São José, no lugar do verdadeiro pai, Deus, nos ajude a entender como resolver o sentimento de orfandade que nos faz muito mal hoje”, avaliou o Papa.
O Pontífice destacou que não é suficiente pôr um filho no mundo para dizer que também somos pais ou mães. “Não se nasce pai, se torna. E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outra pessoa, em certo sentido exerce a paternidade a seu respeito”, disse o Papa referindo-se a um trecho da Carta apostólica Patris corde.
Adoção
O Papa citou que São José nos mostra que a adoção não é tipo de vínculo secundário. “Este tipo de escolha está entre as formas mais elevadas de amor e de paternidade e maternidade. Quantas crianças no mundo estão à espera de alguém que cuide delas! E quantos cônjuges desejam ser pais e mães, mas não conseguem por razões biológicas; ou, embora já tenham filhos, querem partilhar o afeto familiar com quantos não o têm. Não devemos ter medo de escolher o caminho da adoção, de assumir o “risco” do acolhimento”, afirmou.
“A civilização se torna mais velha e sem humanidade, porque se perde a riqueza da maternidade e paternidade e quem sofre é a Pátria que não há filhos. Peço a São José a graça de despertar as consciências e a pensar nisso: a ter filhos”, completou Francisco, afirmando que “a maternidade e a paternidade é a plenitude da vida de uma pessoa”.
O Santo Padre também encorajou as famílias. “Se vocês não puderem ter filhos, pensem na adoção. É um risco, sim. Ter um filho é sempre um risco, tanto natural quanto de adoção, porém, é mais arriscado não ter. Mais arriscado é negar a paternidade, negar a maternidade, tanto real quanto espiritual. Um homem e uma mulher que não desenvolve o sentido da paternidade e maternidade, lhe falta alguma coisa de principal, importante. Pensem nisso, por favor”.
Por fim, Francisco fez uma oração para que ninguém se sinta sem um vínculo de amor paterno, para que São José exerça a sua proteção e a sua ajuda sobre os órfãos e que interceda pelos casais que desejam ter um filho:
São José,
vós que amastes Jesus com amor de pai,
estai próximo das muitas crianças que não têm família
e que desejam um pai e uma mãe.
Apoiai os cônjuges que não podem ter filhos,
Ajudai-os a descobrir, através deste sofrimento, um projeto maior.
Fazei com que a ninguém falte uma casa, um relacionamento,
uma pessoa que se ocupe dele ou dela;
e curai o egoísmo daqueles que se fecham à vida,
para que possam abrir o coração ao amor. Amém.