A questão do matrimônio chama a atenção da Igreja a partir do Concílio Vaticano II, porque o futuro da evangelização da humanidade passa pela família. Esta convicção frequentemente expressa por João Paulo II se baseia no papel do matrimônio e da família na sacramentalidade da Igreja, cuja missão como Corpo e Esposa de Cristo é de difundir a comunhão trinitária na humanidade. Esta sacramentalidade se articula em torno aos sete sacramentos que estruturam a relação de Aliança entre Cristo e a Igreja como um mistério nupcial cuja fecundidade brota da celebração do Batismo e da Eucaristia. A Igreja doméstica fundada sobre o sacramento do matrimônio se inscreve nesta arquitetura eclesial sacramental.
Ela é evangelizada na medida em que a beleza da “comunidade de vida e de amor” transparece o testemunho de amor trinitário na história, algo assim como o esplendor da Sagrada Família de Barcelona que atrai a atenção do mundo inteiro, fascinado por sua beleza e originalidade. Portanto, proclamaremos em alta voz e com valentia nossa convicção de que a família é o grande recurso para levar a cabo uma autêntica conversão pastoral em uma Igreja toda missionária.
Em uma família fundada no matrimônio sacramental dos esposos, Cristo e a Igreja prolongam seu testemunho divino e humano de amor indissoluvelmente fiel e fecundo. A fragilidade, os erros e fracassos de tantos casais de hoje são uma razão a mais para um renovado anúncio do Evangelho da família e para uma pastoral da misericórdia que traga paz, reconciliação e abundantes frutos a todas as famílias. Estimulada pelos debates em curso, a caridade misericordiosa dos pastores será tanto mais eficaz e consoladora quanto mais for apoiada, sem ambiguidades, na verdade da Aliança; a fidelidade absoluta de Cristo e da Igreja assumida em cada matrimônio sacramental, dom de felicidade e de alegria paraÂÂ a humanidade. “O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19, 6; Mc 10, 9).
Cardeal Marc Ouellet
Prefeito da Congregação para os Bispos