Fim de ano é um tempo especial; as férias escolares deixam muitas pessoas com tempo livre, os feriados oferecem uma pausa a quem continua trabalhando, o décimo terceiro que se transforma em roupas, móveis e outros objetos tão esperados. As pessoas se movem para visitar familiares ou para passear. Os membros da família têm mais tempo para conviver, para fazer algum programa que no resto do ano parece impossível, e tudo isto pode constituir uma grande riqueza humana.
Afinal, o que mais dá satisfação a uma pessoa é aprofundar as amizades, cultivar a integração entre as pessoas da família numa partilha mais ampla e sincera. Que neste fim de ano as pessoas possam ter a experiência de fazer parte de uma realidade maior do que a própria vida, sempre limitada, de pertencer a algo grande que merece nosso respeito e nossa estima. Então, cultivar relacionamentos significativos, preferencialmente com os familiares, constitui um modo excelente para passar o final de ano, podendo ampliar a outros colegas e amigos esta abertura e esta integração, aproveitando as facilidades das redes sociais, mas também realizando visitas e programas em conjunto.
Nessa perspectiva, participar, junto com toda a família, das celebrações litúrgicas deste tempo proporciona a experiência de pertencer a um povo, de percorrer o mesmo Caminho no qual Jesus Cristo é luz e o Evangelho é sabedoria que alcançam o mais íntimo do nosso coração e, ao mesmo tempo, abrem horizontes infinitos e eternos.
Não nos esqueçamos de que é de extrema importância aproveitar este tempo para fazer uma revisão do ano, não se perguntando: o que eu fiz; mas antes, o que o Mistério de Deus fez na minha vida, por onde me fez passar, que experiências quis que enfrentasse, que desafios me apresentou; reconhecendo, assim, Sua presença e a constante iniciativa que toma para me conduzir a uma maturidade maior, a começar desde o momento em que decidiu trazer-me à existência.
Dedicar tempo a uma revisão do ano nessa direção é sinal de uma fé que usa a inteligência para compreender e para crescer, proporcionando uma autoconsciência mais profunda, uma liberdade e uma estabilidade maiores e uma grande paz, condições estas para viver como protagonista da nossa aventura humana.
Dom João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari (BA)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB.