Temas como a ideologia de gênero, cirurgias de mudança de sexo, barriga de aluguel, eutanásia, aborto, pobreza, tráfico de pessoas e as guerras foram abordados na declaração Dignitas infinita (dignidade infinita, em latim). O documento foi publicado nesta segunda-feira (8) pelo Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé.
“Diante de tantas violações da dignidade humana que ameaçam seriamente o futuro da humanidade, a Igreja encoraja a promoção da dignidade de cada pessoa humana, sejam quais forem as suas qualidades físicas, psíquicas, culturais, sociais e religiosas”, diz a declaração.
Em relação ao aborto, o texto aponta para a encíclica Evangelium Vitae, de São João Paulo II, que diz que “o aborto provocado é a morte deliberada e direta, independentemente da forma como venha realizada, de um ser humano na fase inicial da sua existência, que vai da concepção ao nascimento”.
O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium, também é citado quando falou sobre os nascituros: “os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir”.
A declaração também alerta sobre o perigo da eutanásia e do suicídio assistido. “A vida humana, mesmo em uma condição de dor, é portadora de uma dignidade que deve ser sempre respeitada, que não pode ser perdida e cujo respeito permanece incondicionado”, afirma a declaração. “Não existem algumas condições, em falta das quais a vida humana deixe de ser dignamente tal e por isso possa ser suprimida”, completa.
Sobre a prática da barriga de aluguel, a declaração alerta que a criança torna-se mero objeto. “A criança tem pois o direito, em virtude da sua inalienável dignidade, de ter uma origem plenamente humana e não conduzida artificialmente, e de receber o dom de uma vida que manifeste, ao mesmo tempo, a dignidade de quem a doa e de quem a recebe”, acrescenta a declaração.
“Nesta direção, o legítimo desejo de ter um filho não pode ser transformado em um ‘direito ao filho’ que não respeita a dignidade deste mesmo filho, como destinatário do dom gratuito da vida”, aponta o texto.
Ideologia de gênero
A declaração da Santa Sé destaca ainda que a ideologia tenta negar a diferença sexual. “«a vida humana, em todos os seus componentes, físicos e espirituais, é um dom de Deus, que se deve acolher com gratidão e colocar a serviço do bem. Querer dispor de si, como prescreve a teoria de gênero… não significa outra coisa senão ceder à antiquíssima tentação do homem que se faz Deus”, ressalta o texto.
“Devem-se rejeitar todas aquelas tentativas de obscurecer a referência à insuprimível diferença sexual entre homem e mulher”, diz o texto. Já sobre a mudança de sexo, é enfático ao dizer que “arrisca a ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção. Isto não significa excluir a possibilidade que uma pessoa portadora de anomalias dos genitais, já evidentes desde o nascimento ou que se manifestem sucessivamente, possa decidir-se por receber assistência médica com o fim de resolver tais anomalias”.