Ao final do 4º Congresso Brasileiro de Médicos Católicos, realizado de 12 a 14 de novembro, em Brasília (DF), foi instalada a Associação Nacional dos Médicos Católicos (ABMC). Em âmbito eclesial, a entidade estará vinculada – como organismo de comunhão – à Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em breve serão divulgados os nomes do bispo referencial e do assessor.
Durante o evento, foi escolhida a primeira diretoria da Associação:
- Dr Pedro Spineti (Diretor Presidente)
- Dr Alberto Siqueira (Diretor Vice-presidente)
- Dr Antonio Carlos de Souza (Diretor administrativo)
- Dr Franco Scariot (Diretor financeiro)
- Dr Fernando Luiz Maia (Diretor científico)
- Dr João Ferreira Brito Filho (Diretor de Comunicação)
- Drª Monica Cardoso (Diretora de Integração Regional)
Conselho Fiscal:
- Drª Niura Terezinha Tondolo Noro
- Dr Ubatan Loureiro Junior
- Dr Harald Maluf Barretto
- Dr Carlos Eduardo Comin
- Milton Teles de Mendonça Junior
- Drª Nilza Maria Martins Amaral
Na cerimônia de instalação da entidade, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, lembrou que a Conferência dos Bispos é um órgão de comunhão e serviço, tanto em relação aos seus membros, os quase 500 prelados de todo o país, quanto a outros organismos, instituições “que, se agregando à CNBB, vivem o espírito de comunhão”.
“E quando o Dr. Pedro procurou a Conferência para uma consulta sobre a viabilidade da criação de uma associação brasileira, a resposta é sim. Porque, sendo um órgão de comunhão e de serviço, o jeito com que a CNBB conduz as coisas no fundo é criando comunhão, fortalecendo a comunhão, inclusive nos diversos setores, nas diversas áreas e, se eu posso dizer assim, nas diversas profissões“, afirmou dom Joel.
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Entrevista
O primeiro presidente da Associação Brasileira de Médicos Católicos, Pedro Spineti, concedeu entrevista ao Portal Vida e Família e falou sobre a articulação para a criação da Associação e o que se espera do trabalho:
Articulação
Desde que a gente começou a pensar no Congresso, a gente pensou ser bom estarmos reunidos enquanto associações de várias dioceses e que isso precisava continuar. Então o nosso intuito inicial era que o Congresso fosse o estopim para a organização melhor dessas associações e pensamos em fundar uma associação nacional, que é uma coisa que somos cobrados até por Roma, porque existe uma Federação Internacional de Associações Médicas Católicas sediada no Vaticano. E eles sempre cobram a gente porque eles querem uma [associação] brasileira, não é para as diocesanas do Brasil se filiarem a eles, tem que ter um núcleo nacional. Então, a partir da reunião das pessoas para a programação do Congresso brotou no coração de todos esse desejo de a gente fundar uma organização nacional e quando a gente teve o adiamento do Congresso por conta da pandemia, a programação do Congresso já estava pronta.
Então a gente falou ‘Era tão bom que a gente estava se reunindo toda semana para organizar o congresso, agora o congresso está pronto e vai demorar um ano, o que a gente vai fazer ao longo desse ano?’ A gente falou: ‘Bom, então o projeto que era começar a conversa da Associação ao fim do congresso, vamos começar agora e, quem sabe, quando chegar o congresso a gente funda a associação nacional’.
Aí começamos a procurar os bispos e a orientação da Igreja para saber como seria esse caminho, para que a gente pudesse atingir esse objetivo. Procuramos nas nossas dioceses, os colegas do Sul procuraram dom Ricardo, que ajudou bastante a gente, e as providências de Deus: dom Ricardo falou que o caminho é por dom Joel e, eu sendo do Rio de Janeiro, brinco que dom Joel era meu ‘pároco das férias’, porque meu pai morava na paróquia dele. E conheci dom Joel ainda padre, e depois o trabalho dentro da Jornada Mundial da Juventude, então ele foi muito acolhedor assim que nós procuramos ele, trouxemos a demanda e ele falou ‘é comigo’, logo marcou uma reunião e abriu as portas da CNBB para o trabalho e para essa caminhada. Ao longo desse ano a gente conseguiu redigir o estatuto da associação, que foi submetido ao Conselho Permanente e foi aprovado em junho e agora a gente caminha para a inauguração da Associação ao final do Congresso.
Ações efetivas
O que nós vemos, e até dom Ricardo orientava que a gente sempre tinha que pensar na nossa missão ad intra e na nossa missão ad extra.
Então, Ad intra, nós estamos reunindo as dioceses do Brasil e a gente tem que sensibilizar outras dioceses para que novos grupos de médicos católicos surjam nas outras dioceses por todos os rincões desse país, não só nas capitais. Os médicos estão em todos os municípios. Acho que o nosso primeiro grande trabalho é esse: estimular a organização dos médicos em todo o país e dar suporte à criação dessas associações em nível diocesano, então, nos organizarmos dentro da casa. E dar suporte a eles em reflexão, pois a gente sabe que no momento inicial eles vão recorrer à nacional para palestras, momentos de estudo, de debate.
A gente prevê que a gente tenha reuniões periódicas, mensais ou bimensais, e agora, depois da pandemia, aprendemos a usar as mídias digitais, então isso permite uma conexão maior nossa sem necessidade de grandes viagens, de grandes deslocamentos, então, isso para o médico acho que vai ser muito bom. O médico tem pouco tempo, então a gente se conectar de onde está, mesmo num final de tarde no consultório, mas sensibilizar o povo dessa forma vai ser muito bom.
E a missão para fora é ser voz do médico católico a nível nacional. Enquanto dioceses, a gente muitas vezes tenta se posicionar em questões sensíveis da sociedade, mas, enquanto diocesanos, nossa voz é ouvida dentro de um município, dentro de uma pequena região e a gente não consegue levar nossa voz, a nossa opinião em fóruns maiores. Já tentamos, enquanto diocesanos, por exemplo, participar em audiências públicas em que alguma lei estava sendo votada ou estava sendo feita alguma reflexão e que é contra a vida, e que a gente queria que a voz do médico católico fosse ouvida, mas enquanto diocesanos a gente não tem acesso a esses fóruns. E a gente acredita que enquanto associação nacional a gente vai ter essa possibilidade.
Foto de capa: Tómaz Alves/ABMC