O Papa Francisco instituiu, na última terça-feira, o ministério leigo de catequista, por meio da carta apostólica em forma de Motu Proprio Antiquum Ministerium. Recordando as primeiras comunidades cristãs, nas quais se observava a ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que dedicaram suas vidas à edificação da Igreja, o Papa entende que a Igreja pretende “perceber quais possam ser as novas expressões para continuarmos a permanecer fiéis à Palavra do Senhor, a fim de fazer chegar o seu Evangelho a toda a criatura”.
Em sua carta apostólica, Francisco reconhece na história da evangelização a eficaz missão dos catequistas, tanto os bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas consagrados. Mas também “a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequístico”.
O Papa também contextualiza a atualidade percebida já no Decreto Ad Gentes do Concílio Vaticano II: “Hoje em dia, em razão da escassez de clero para evangelizar tão grandes multidões e exercer o ministério pastoral, o ofício dos catequistas tem muitíssima importância”.
Ao lembrar do comprometimento milenar dos fiéis leigos e leigas na missão da Igreja, o Papa Francisco ressalta que o Espírito chama, também hoje, homens e mulheres para irem ao encontro de tantas pessoas que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã. Assim, continua: “É tarefa dos Pastores sustentar este percurso e enriquecer a vida da comunidade cristã com o reconhecimento de ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da «penetração dos valores cristãos no mundo social, político e económico» (Evangelii gaudium, 102)”.
“Esta presença torna-se ainda mais urgente nos nossos dias, devido à renovada consciência da evangelização no mundo contemporâneo e à imposição duma cultura globalizada, que requer um encontro autêntico com as jovens gerações, sem esquecer a exigência de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária que a Igreja abraçou. Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente são as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo“.
Papa Francisco, ANTIQUUM MINISTERIUM, n. 5
Os catequistas
Na carta apostólica, o Papa da direcionamentos das características dos catequistas: “Convém que, ao ministério instituído de Catequista, sejam chamados homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna, recebam a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese“.
O Papa também alerta: “receber um ministério laical como o de Catequista imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada um dos batizados que, no entanto, deve ser desempenhado de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização”.
Recepção no Brasil
Em live de lançamento da carta apostólica no Brasil, o arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animção Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Antônio Peruzzo, afirmou que a instituição do ministério pelo Papa Francisco “soleniza o lugar do catequista na vida da Igreja”.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, comentou que trata-se de merecido reconhecimento e também um dom para o povo de Deus “nesse momento em que precisamos de uma grande reação missionária”.
“Cada catequista é protagonista na comunidade de fé, no coração da Igreja. A catequese é responsável, conforme bem diz o Papa Francisco, pelo primeiro anúncio, que alcança aqueles ainda distantes da mensagem salvífica de Jesus. A catequese é base para conversões, fundamento para a caminhada da fé“, disse.