Na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco deu continuidade à série de catequeses relacionadas ao tema da velhice. Na audiência geral desta quarta-feira (1°), o Santo Padre falou sobre “Não me abandonar quando minhas forças declinarem”, trecho retirado do Salmo 71.
“A palavra nos encoraja a meditar sobre a forte tensão que habita na condição da velhice, quando a memória das dificuldades superadas e das bênçãos recebidas é colocada à prova da fé e da esperança”, destacou. “A provação apresenta-se com a fraqueza que acompanha a passagem através da fragilidade e da vulnerabilidade da idade avançada. E o salmista – um idoso que se dirige ao Senhor – menciona explicitamente o fato de que este processo se torna ocasião de abandono, engano, prevaricação e arrogância, que por vezes recaem sobre os idosos”, completou o Papa.
Diante disso, o Papa alertou que muitos se aproveitam deste momento de fragilidade dos idosos e outros que os isolam em asilos. “Com efeito, não faltam aqueles que se aproveitam da idade do idoso, para o enganar, para o intimidar de mil maneiras. Tais crueldades também acontecem nas famílias. Os idosos são descartados, abandonados em asilos, sem que seus filhos vão visitá-los ou se vão, vão algumas vezes ao ano. O idoso é colocado bem no canto da existência. E isso acontece: acontece hoje, acontece nas famílias, acontece sempre. Precisamos refletir sobre isso”, comentou Francisco.
A importância da oração
De acordo com o Santo Padre, o idoso do salmo apresenta o seu desânimo a Deus: “Os meus inimigos já dizem de mim, e os que espiam a minha vida conspiram dizendo: “Deus o abandonou. Podem persegui-lo e agarrá-lo, que ninguém o salvará!”. E, dessa forma, o ancião redescobre a confiança em Deus e o invoca: “Salva-me, por tua justiça! Liberta-me! Inclina depressa o teu ouvido para mim! Sejas tu a minha rocha de refúgio, a fortaleza onde eu me salve, pois o meu rochedo e fortaleza és tu!”.
Segundo Francisco, a oração renova no coração da pessoa idosa a promessa da fidelidade e bênção de Deus. “O idoso redescobre a oração e dá testemunho da sua força. Jesus, nos Evangelhos, nunca rejeita a oração das pessoas que necessitam de ajuda. Os idosos, devido à sua fraqueza, podem ensinar àqueles que se encontram noutras idades da vida que todos nós precisamos nos entregar ao Senhor, para invocar a sua ajuda. Neste sentido, todos devemos aprender com a velhice: sim, há um dom em ser idoso entendido como abandonar-se aos cuidados dos outros, começando pelo próprio Deus”, apontou.
Não esconder as fragilidades
Segundo o Papa Francisco, a velhice é um magistério da fragilidade. “Não esconder a velhice, não esconder as fragilidades da velhice. Este é um ensinamento para todos nós. Este magistério abre um horizonte decisivo para a reforma da nossa civilização. Uma reforma que é indispensável para o benefício da convivência de todos. A marginalização – conceitual e prática – da velhice corrompe todas as fases da vida, e não apenas a da velhice”, ressaltou.
Por fim, o Papa ainda indagou cada um dos participantes da audiência geral sobre como estão se relacionado com os idosos da família. “Vou visitá-los? Procuro ver se não falta nada para eles? Eu os respeito? Os idosos que estão na minha família: pensemos na mãe, no pai, no avô, na avó, tios, amigos. Eu os cancelei da minha vida? Ou eu vou até eles para tomar sabedoria, a sabedoria da vida? Lembre-se de que você também será idoso ou idosa. A velhice chega para todos. E como você gostaria de ser tratado ou tratada no momento da velhice, trate os idosos hoje. São a memória da família, a memória da humanidade, a memória do país. Proteger os idosos que são sabedoria”, concluiu.