Nesta semana, em Roma, está sendo realizada a assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida. O tema escolhido para este ano é “Humano. Significados e desafios”, no qual é feita uma reflexão multidisciplinar sobre o “mistério do ser humano”, imposta pela extraordinária “mudança de época” devido ao desenvolvimento científico e tecnológico.
Assuntos como a robótica, inteligência artificial e as novas tecnologias estiveram entre as discussões. “Decidimos abordar uma questão exigente e inevitável: a questão antropológica, a pergunta de significado do caminho que a humanidade está percorrendo”, destacou o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, dom Vincenzo Paglia.
O arcebispo lembrou que, pela primeira vez, a espécie humana apresenta o risco de desaparecer por autodestruição ou superação, por meio da “energia nuclear, mudanças climáticas e novas tecnologias convergentes.
A Pontifícia Academia para a Vida foi a primeira a agir sobre os riscos e o potencial da Inteligência Artificial com o “Apelo de Roma para a Ética na Inteligência Artificial”, sobre seu uso ético, apresentado em 28 de fevereiro de 2020 e assinado, em primeiro lugar, pela Ibm e pela Microsoft, com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o governo italiano e a Universidade La Sapienza de Roma.
“A novidade das descobertas técnico-científicas às vezes produz um efeito de desorientação e uma sensação de precariedade que pode levar a opinião pública a posições negativas, à nostalgia de certezas que parecem desaparecer. É por isso que precisamos de um diálogo entre os saberes e uma visão da humanidade e de seu futuro, junto com uma reflexão ética sobre os produtos do conhecimento humano”, explicou dom Paglia.
Segundo o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, a Igreja quer propor um serviço de esclarecimento, de reflexão atenta sobre o que é o humano comum. “A Igreja tem as Sagradas Escrituras e uma tradição que oferece perspectivas extraordinárias sobre a dignidade do ser humano, que para nós está sempre ligado à família humana e ao cuidado da criação”, afirmou.
“É necessário repropor essa visão que dentro de um mundo científico que corre o risco de ser vítima da primazia da tecnologia e da economia, além de esmagar a responsabilidade e a beleza do ser humano comum, transformando-o em um instrumento da economia ou da tecnologia”, pontuou Dom Paglia.
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida enfatizou que deve ser combatida a tentação de que a tecnologia seja a nova religião do mundo contemporâneo, redescobrindo-a a serviço do ser humano e não dominando-o. “No campo dos algoritmos, por exemplo, o próprio Papa disse à Pontifícia Academia para a Vida “que considera importante combater a algocracia com a algoética, ou seja, não o homem a serviço da tecnologia, mas exatamente o contrário: a tecnologia a serviço do homem”, recordou.
O poder do homem
O medo das novas tecnologias, para o arcebispo, é transmitido pela mídia de massa. “Acredito que tenham razão, e nós estamos entre eles, aqueles que afirmam que somos mais fortes do que a tecnologia, que a tecnologia é um instrumento se redescobrirmos a força do ser humano para guiar a tecnologia. Esse é o compromisso da Academia”, dise. Dom Paglia enfatizou que nós, seres humanos, inventamos a tecnologia. “Cabe a nós guiá-la e não nos resignarmos a ser guiados pela tecnologia, porque atrás da tecnologia há uma economia hipercapitalista que quer colher todos os seus benefícios”, reforçou.