A Comissão Especial de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu-se nesta segunda-feira, 17, na sede da entidade, em Brasília (DF). Esta é a segunda da reunião do grupo nomeado pela Presidência da CNBB em setembro de 2019. Neste encontro, os membros vão finalizar o projeto apresentado pelo presidente da Comissão, o bispo de Rio Grande (RS), dom Ricardo Hoepers, cuja finalidade é implantar Observatórios de Bioética nos regionais da CNBB.
O assessor da comissão, padre Otávio Juliano Almeida, explica que os observatórios não serão órgãos físicos, mas virtuais, nos quais estarão agregados pesquisadores, sacerdotes, pessoas de diversas funções e de diversos ramos do conhecimento, médicos, geriatras, pessoas da área sanitária e pesquisadores “para que as diretrizes da área da vida e da família e da bioética da CNBB possam ser conversadas em comum, pensadas em comum, principalmente no atendimento de demandas”.
Padre Otávio exemplifica recordando as solicitações de posicionamentos da Igreja em casos bioéticos específicos, como transplante, abortamento ou eutanásia: “o observatório de bioética já está preparado para oferecer à sociedade em geral uma proposta, um subsídio de pesquisa, de orientação a fim de que a Igreja esteja sempre atenta às demandas da bioética”.
A ideia é apresentar a proposta ao episcopado durante a 58ª Assembleia Geral da CNBB, no próximo mês de abril.
Trabalho em conjunto
Dom Ricardo Hoepers, que não participa da reunião desta segunda-feira, também orientou o trabalho para que seja pensada uma perspectiva de trabalho em conjunto entre a Comissão de Bioética e a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB, a qual também preside.
“Não vamos trabalhar separadamente, apesar de serem duas comissões constituídas em separado, porém, o assunto geral é o mesmo: a vida, a defesa da vida e a família como lugar privilegiado da vida”, ressalta padre Otávio. Neste contexto, estão bioeticistas, médicos, sanitaristas e outros juntos com famílias, casais, sacerdotes e religiosos, “todos estamos na mesma luta, na mesma frente que é a defesa ampla e irrestrita e absoluta sobre as questões da família”.
Neste caso, os especialistas discutem as questões das ciências médicas, da bioética, e os que estão na área pastoral, “na parte prática”, terem de os subsídios suficientes. “E nós também com eles aprendendo, olhando a realidade, buscando os desafios que são apresentados por aí, Brasil afora, pela Pastoral Familiar”, num “trabalho em conjunto, mais estruturado”.
Desafios
Perguntado sobre os desafios neste trabalho da Comissão de Bioética, padre Otávio pontua uma realidade comum a outras áreas para a CNBB e para o Brasil: “Nós vivemos uma época de muitas polarizações e muitas incompreensões. Então, o tema da bioética, o tema do início da vida, do fim da vida pode se tornar cavalo de batalha, digamos assim, pode se tornar um ponto que, infelizmente, pode dividir”.
Segundo o padre, o maior desafio é que as discussões sobre vida, família, bioética não sejam a partir da CNBB, lugar de dissenso, “pelo contrário, seja lugar de diálogo, de abertura, de fazer mesa-redonda, onde todos sentam, colocam suas opiniões, suas divergências e ultrapassar o desafio de um país um pouco machucado, com dificuldades de interpretar as coisas, de pensar as coisas, que a gente possa ser um pouco luz e um pouco de afeto nesse momento turbulento nosso que também é desafio para outras áreas da pastoral e outras áreas do Brasil”.
Atuação
Em novembro, dom Ricardo Hoepers afirmou que os Observatórios de Bioética nos regionais da CNBB vão trazer à tona a realidade de cada regional e quais as reais demandas na área da vida em cada um deles: “Essa equipe vai dar a assessoria necessária, vai fazer levantamento de dados, propor pesquisadores, fazer vínculos com as Universidades Católicas e as Instituições de Ensino Superior que queiram aderir aos Observatórios”.
O Observatório é a oportunidade de aproximar a Igreja Católica do campo da ciência e, também, é um convite para que a sociedade se envolva em discussões sobre o aborto, doenças crônicas, cuidados paliativos, eutanásia e outras temáticas que centram na vida em sua integralidade.
Participaram da reunião: o assessor, padre Otávio Juliano Almeida; pelo eixo família, o diácono João Vicente da Silva e Maria Emília Oliveira Schpallir; no eixo início da vida: Lenise Aparecida Martins Garcia, professora e especialista em Bioética; pelo eixo final da vida, o geriatra João Batista Lima; e pelo eixo teologia moral, Maria Inês de Castro Millen, médica e doutora em teologia. O assessor da Comissão para a Vida e a Família da CNBB e secretário executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, padre Crispim Guimarães, também participou.
Fonte: CNBB