No ano de 1381, em Roccaporena, região de Umbria, na Itália, nascia a Santa Rita de Cássia. E ali começava a história de uma mulher simples, mas cheia de Amor.
Infância
Desde cedo, em seu nascimento, e durante a sua infância, os seus pais observavam sinais místicos que já demonstravam que aquela menina ia tornar-se santa.
Conta-se que certo dia, enquanto os seus pais trabalhavam na lavoura, Cássia, ainda recém-nascida, estava um pouco afastada deles, envolta em paninhos. Na ocasião, muitas abelhas brancas se aproximaram – entravam e saíam do bebê por meio da boca – sem que nenhum mal acontecesse à pequena bebê. Um homem que passava ferido pela região (havia cortado seriamente a mão), vendo as abelhas sob a menina, foi tentar espantá-las. Quando ele passou o braço em cima da criança, misteriosamente, a sua mão ficou curada.
Essa e outras histórias foram narradas por pessoas próximas à família, que acompanhavam o crescimento de uma menina cheia de virtudes e com o coração desejoso pelas coisas do alto.
Juventude: desejo pela vida religiosa
Cássia sentiu-se atraída pela vida religiosa ainda muito cedo. Queria consagrar-se a Deus e ofertar a sua vida pela humanidade, para a salvação de muitas pessoas. No entanto, os seus planos tiveram que mudar: ainda em sua adolescência, a jovem foi prometida em casamento para um homem de sua cidade, que pertencia à uma família nobre e possuía um temperamento muito forte.
Alguns estudiosos da história da santa dizem que a família de Rita temia a solidão da virtuosa garota, que era filha única, por isso a prometeram em casamento. O que se sabe é que eles desejavam o melhor para ela e acreditavam que o matrimônio seria a única via para que isso acontecesse.
Mudança de planos: o matrimônio
Vivendo a obediência pelos seus pais, Rita casou-se com Paolo Ferdidando, homem de convivência difícil, envolvido com guerras políticas da época, responsável por assassinar inimigos por vingança em um tempo de muitas batalhas na região. Rita rezava todos os dias por ele, sempre colocando a sua vida diante do Senhor, esperando com paciência a sua conversão.
Morte do esposo e dos filhos: unido a dor ao amor
O casal teve dois filhos homens, e Paolo (seu esposo) passou a ser um homem de convivência amiga em casa, mas ainda se envolvia em constantes brigas na região, conflitos estes que eclodiram em seu assassinato por motivações de ódio, em um acerto de contas. Conta-se que Rita foi ao local onde o seu esposo foi morto às pressas, e o envolveu em panos, para que os seus filhos não o vissem ensanguentado e isso não incitasse neles um desejo de vingança.
No entanto, mesmo assim, os filhos queriam vingar a morte do pai, e Rita se colocava em oração todos os dias pedindo a graça do perdão no coração de cada um deles. Em seu coração, era preferível que Deus os levasse para a morada eterna, para que eles também não se tornassem assassinos como pai.
Assim, o Senhor ouviu as suas orações cheias de amor, e um ano depois, os seus dois filhos morreram, ficando Rita sozinha novamente, dessa vez viúva e sem os seus filhos.
O milagre do convento
Após este acontecido, Rita de Cássia pediu admissão em um convento, que foi negada várias vezes. Estudiosos da sua vida dizem que o fato de Rita não ter sido aceita no convento se devia a um temor por parte das autoridades da época, de que assassinos políticos invadissem o mosteiro, visto que ela era a ex-mulher de um homem envolvido em perigosas desavenças políticas.
Mas Rita persistiu pedindo que aquele chamado vocacional fosse concretizado – o seu Amor por Jesus era maior do que qualquer ‘não’ humano. Certa vez, em uma montanha na qual ela subia para rezar todos os dias em Roccaporena, Rita foi misticamente transportada para dentro do convento, para o espanto da madre superiora e de outras religiosas que não sabiam como ela havia chegado ali. Tudo fez partes dos desígnios de Deus, que tinha planos maiores para Rita, e desejava desposá-la, finalmente, no tempo certo, manifestando a Sua glória.
Rita tornou-se então uma religiosa obediente e cheia de caridade, que tinha como maior característica uma profunda vida de oração. Conta-se que a obediência fazia de Rita uma mulher humilde, que mesmo em meio ao que não conseguia compreender, permanecia paciente.
Sinais de santidade em vida
Havia uma planta cheia de galhos secos, por exemplo, que nunca havia brotado no convento, e a Madre Superiora pediu que Rita pusesse água todos os dias. Conta a tradição, que Deus a recompensou, fazendo os galhos brotarem e virar uma linda parreira, com a produção de uvas saborosas. A parreira permanece viva até hoje, resistindo aos invernos mais rigorosos, como manifestação viva de um milagre no mosteiro.
Em sua oração, Rita desejava sempre viver os sofrimentos de Cristo com tamanha piedade, que certo dia, um espinho da coroa de Jesus foi fincado em sua testa, causando uma forte dor e um cheiro insuportável que exalava sangue e pus, obrigando-a a ficar isolada do restante da comunidade. Nos últimos anos de sua vida, Rita sofreu de uma forte enfermidade que debilitava todo o seu corpo, mas mesmo assim, permanecia com o seu coração perseverante e firme na oração.
Partida
Conta-se que já no leito de morte, uma amiga perguntou se Rita de Cássia tinha algum desejo antes de morrer. Rita pediu que a amiga fosse à sua antiga casa, colher uma rosa e dois figos. A amiga achou que Rita estava delirando, pois estava no inverno, época em que não se têm figos e rosas.
Mas mesmo assim, atendeu ao desejo de Rita, e para a sua surpresa, um milagre: na figueira da antiga casinha onde a santa morava, estava exatamente uma rosa e dois figos.
Algumas pessoas contam que a rosa representava o marido e os figos os dois filhos, e que aquilo era um sinal de que após anos de oração, jejuns e penitências da parte de Rita, Deus mostrou, de maneira simples, antes da sua morte, que a sua família havia alcançado o perdão de Deus por meio dos seus sacrifícios amorosos na terra – sim, aquele era um sinal concreto de que os três haviam alcançado o Céu. Após essa certeza, Rita fez a sua páscoa e partiu para a morada eterna. Hoje ela intercede pelas causas impossíveis.
O dia de hoje
A festa de santa Rita de Cássia é celebrada pela Igreja Católica no dia 22 de maio por conta do seu falecimento neste dia, em 1457, aos 76 anos. A santa nos mostra que mesmo em meio às contrariedades da vida, Deus tem planos maiores para cada um de nós.
Em meio à dor de não compreender o desejo dos pais, a obediência certa de que Deus estava no controle de todas as coisas a fez prosseguir. As orações pela conversão de seu marido e dos seus filhos foram a salvação da sua família – em tudo, Rita tinha o olhar voltado para Deus.
No convento, em pequenos sacrifícios diários por toda a humanidade, Rita sempre tinha uma certeza em seu coração: a de que o Céu era logo. Foi filha, esposa e religiosa. Viveu todas as vocações possíveis para uma mulher. Em tudo foi paciente, sabendo esperar o tempo de Deus, que não frustrou os desejos do seu coração.
O que a sua vida tem a nos ensinar?
Santa Rita de Cássia nos ensina hoje que mesmo quando não compreendemos os presentes sofrimentos da vida, a vontade de Deus é sempre soberana. E Ele não nos desampara mesmo em meio à aparente solidão, ao contrário, une-se a nós em nossos sofrimentos e olha mais para o nosso pobre amor.
Que essa grande mulher nos ensine hoje a em tudo obedecer a Deus com fé e docilidade, se apoiando sempre em Sua santa vontade por meio da oração.