Há menos três meses da realização da Assembleia Extraordinária que vai tratar dos desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização,o secretário geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, afirmou, em entrevista à Agência Ecclesia, que a família vive “problemas e desafios novos” e que a Igreja precisa buscar “respostas adequadas”. Recordou que a Exortação Apostólica Familiaris Consortio, que completou 30 anos, escrita pelo papa João Paulo II, responde a muitas indagações, mas que segundo ele, os tempos mudaram e exige atualizar as reflexões.
“Acredito que naquela época foi tudo dito. Mas as situações são diferentes, é preciso aprofundar mais todos os temas, do ponto de vista sociológico, antropológico, filosófico e também teológico. A doutrina é sempre a mesma, mas tem aspetos que se renovam”, destacou o cardeal.
Incentivos do papa
Ele fala, ainda, da iniciativa positiva do papa Francisco em querer ouvir as comunidades sobre os desafios da família. “O Sínodo sobre a família é uma feliz e providencial intuição do papa Francisco, que encoraja o coração de todos e será um passo de um caminho que interpela todo o povo de Deus”, disse o cardeal Baldisseri.
De acordo com o secretário geral do Sínodo dos Bispos, “neste tempo em que a Igreja vive desafios nunca imaginados antes, torna-se novamente urgente partir. E partir significa caminhar, como nos convida a fazer o papa Francisco desde o início do seu pontificado”.
Na visão do bispo, o papa quer discutir junto com a Igreja e a sociedade caminhos para a evangelização da família, em um trabalho conjunto, “como Igreja e comunidade humana e de fé, as soluções possíveis para os desafios que, às vezes, parecem até mesmo impossíveis para os problemas, as preocupações, as dores e os sofrimentos, mas também as alegrias e as esperanças”.
Documento preparatório
Segundo o cardeal, o Documento de preparação do Sínodo busca traçar linhas de ação para a pastoral da pessoa humana e da família. A sínteses do questionário enviado às dioceses, que deu origem ao Documento preparatório apresenta diversas situações. Entras elas, dom Baldisseri enumera “os matrimônios mistos ou inter-religiosos; as famílias monoparentais, a poligamia e a poliandria; os matrimônios combinados com a questão do dote, frequentemente assimilados à ‘aquisição da esposa’; o sistema de castas, a cultura do não-compromisso e da presumível instabilidade das relações; as formas erradas de machismo e de feminismo; os fenômenos migratórios e as reformulações do conceito mesmo de família; o pluralismo cultural na concepção do matrimônio”.
Ouros assuntos são abordados pelo secretário geral, sugeridos pelo questionário como “as uniões entre pessoas do mesmo sexo às quais é frequentemente consentida a adoção de crianças; a influência da mídia sobre a cultura popular em relação ao modo de conceber as núpcias e a vida familiar; as correntes de pensamento que inspiram as correntes legislativas que desacreditam a estabilidade e a fidelidade do pacto matrimonial; a difusão do fenômeno dos úteros de aluguel; as novas interpretações dos direitos humanos; mas, sobretudo no âmbito eclesial, o enfraquecimento ou o abandono da fé na sacramentalidade do matrimônio e da penitência”.
Fonte: CNBB