O lançamento do Ano Família Amoris Laetitia na última sexta-feira (19) foi somente o início de um período de discussão e de aprofundamento sobre a Exortação Apostólica sobre a beleza e a alegria do amor na família, que completou cinco anos. Para o arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, este momento é histórico, mas ainda há um caminho a percorrer para que o documento se faça vivo em cada comunidade.
“Precisávamos de um documento como a Exortação Apostólica. O amor é alegria. O amor produz alegria, promove a vida”, ressaltou. “Desde que eu ingressei na Conferência, a atenção para com a família sempre foi o foco de várias discussões. O documento exige senso crítico, que alarguemos a nossa perspectiva e que reavivemos a nossa consciência sobre a importância do matrimônio, além de aprofundar questões doutrinais, pastorais, em relação à instituição família”, disse.
Segundo dom Jaime, o primeiro passo a ser dado está relacionado ao aprofundamento do próprio texto da Amoris Laetitia. “É inspirador. O texto mexe com as pessoas. Faz refletir”, avaliou. Outro ponto está relacionado à iniciação cristã das pessoas. “Se não tivermos jovens iniciados na fé, também teremos dificuldades mais à frente. Creio que será uma limitação, um desafio para nós e para as nossas comunidades. A impressão que me dá é que temos muito adeptos, mas temos muita carência de discípulos”, completou o arcebispo de Porto Alegre.
Além disso, o vice-presidente da CNBB ressaltou a importância do contato das pessoas com a palavra de Deus. “Ela ilumina, orienta, abre horizontes. Se quisermos renovar as nossas comunidades, cooperar para que pessoas se decidam com mais alegria, precisamos favorecer o conhecimento da palavra e a experiência pessoal de deixar-se conduzir por ela. A palavra é capaz de fazer nova todas as coisas”, destacou.
Durante o Ano Família Amoris Laetitia, uma das propostas da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família é de interagir com as comissões de Educação, Catequese, Juventude, Laicato e Missionária da CNBB, e as pastorais da Pessoa Idosa e da Criança em vista de um trabalho sinodal. Para dom Jaime, esta iniciativa é fundamental. “É um viés, um caminho, que temos que avançar muito. Podemos construir uma sintonia muito salutar em torno da família”, apontou.
Por fim, a dificuldade em comunicar a importância e a beleza do matrimônio e da família deve ser superada, segundo arcebispo. “Temos conteúdo, temos compreensão muito bonita da alegria do amor, do matrimônio, mas temos dificuldade de transmitir a mensagem. Precisamos buscar uma linguagem que torne tudo isso mais acessível”, finalizou.
Saiba Mais
O Ano Família Amoris Laetitia foi anunciado pelo Papa Francisco no domingo da Sagrada Família (27 de dezembro de 2020) e será realizado de 19 de março de 2021 a 26 de junho de 2022, durante o X Encontro Mundial das Famílias, em Roma, com o Santo Padre. Um hotsite sobre o Ano Família Amoris Laetitia foi elaborado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. Acesse: https://cnpf.net.br/al/
A exortação apostólica, lançada em 2016, é fruto de dois sínodos sobre a família realizados nos anos de 2014 e de 2015. O documento possui nove capítulos que abordam questões sobre a palavra, a realidade, os desafios e a vocação das famílias, o amor no matrimônio, a fecundidade, a educação dos filhos, a espiritualidade, entre outros temas.
Os objetivos do Ano Família Amoris Laetitia anunciado pelo Papa são: difundir o conteúdo da exortação apostólica; anunciar que o sacramento do matrimônio é um dom; fazer da família protagonista da pastoral familiar; sensibilizar os jovens; e, ampliar o olhar e a ação da Pastoral Familiar.
Para maio, já está prevista a realização de um seminário sobre os 40 anos da exortação apostólica Familiaris Consortio e 5 anos da Amoris Laetitia – questões pastorais, eclesiológicas e morais.