No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), criada na mesma data em 1948. A Igreja recorda a data e comenta o tema da campanha escolhida para a edição de 2021: “Construindo um mundo mais justo e saudável”. Também neste ano, há destaque aos Trabalhadores da Saúde e Cuidados”.
Aqui no Brasil, o bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Roberto Francisco Ferreria Paz, falou da necessidade de colocar em prática a chamada pela construção de um mundo mais justo e saudável, para superar a pandemia.
Isso significa para dom Paz “incluir e distribuir, de forma equitativa e solidária, os recursos da saúde: tratamentos, remédios, vacinas, e vida saudável; o que nos leva a trazer para a reflexão o acesso à água tratada, saneamento básico, alimentação e nutrição equilibrada, agricultura orgânica, moradia, e trabalho digno e decente”.
Trata-se de ter uma visão holística e integrada da saúde, continua, “que transcende a busca de qualidade de vida para os poucos que podem desfrutar dela, mas garantir um direito fundamental para toda a população, pois a vida e saúde devem estar sempre em primeiro lugar”.
Para o bispo, ao refletir sobre os trabalhadores da saúde, “importa dar voz, participação e incorporá-los no planejamento da saúde, que tem sido inexistente e, muitas vezes, bloqueado por medidas contraditórias e ineficazes”.
Dom Roberto também relaciona essa necessidade com a Campanha de Defesa do SUS, a Vacinação universal e imediata, o Auxílio emergencial continuado, subsídio à agricultura familiar e orgânica, segurança alimentar e preservação das florestas e biomas: “Pois, para curar-nos da Pandemia, devemos curar a Terra, e curar também nossa convivência social, injusta, desigual e intolerante. Nossa Senhora da Saúde, Rogai por Nós!”
Saúde diz respeito ao valor da justiça
Em mensagem divulgada para o dia de hoje, o prefeito do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson, refletiu sobre a relação entre saúde e o valor da justiça. Para ele, a pandemia agravou o grande fosso existente entre os países mais favorecidos e os menos favorecidos no acesso aos cuidados de saúde e ao tratamento, “fato lamentável que persiste apesar da situação ser denunciada várias vezes por várias instituições; disparidades e desigualdades inaceitáveis que negam saúde a grande parte da população nas ‘periferias do mundo'”.
O cardeal ainda observa que a humanidade tem dificuldade em reconhecer que “o direito fundamental à proteção da saúde diz respeito ao valor da justiça , segundo o qual não há distinções entre povos e nações, tendo em conta as situações objetivas de vida e desenvolvimento dos mesmos”.
“É desejável que ‘a harmonização do direito à proteção da saúde e do direito à justiça seja assegurada por uma distribuição equitativa dos serviços de saúde e dos recursos financeiros, de acordo com os princípios da solidariedade e da subsidiariedade’. Com base nesses dois princípios, sistemas de saúde mais equitativos e justos podem ser construídos . Mas, para isso, é preciso antes de tudo repensar o conceito de saúde, como saúde integral.”
Cardeal Peter Turkson
Para a saúde integral, o cardeal indica a necessidade de uma visão diferenciada da saúde humana e do cuidado “que leve em consideração as dimensões física, psicológica, intelectual, social, cultural e espiritual da pessoa”.