A Conferência Episcopal Argentina (CEA) reforçou que continuará a trabalhar com firmeza e paixão no cuidado e serviço à vida após a aprovação do aborto pelo Senado daquele país, ocorrido na madrugada desta quarta-feira (30). Com 38 votos a favor e 29 contra, o parlamento decidiu ser legal a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana, após a assinatura do consentimento por escrito. A lei já havia sido aprovada na Câmara dos Deputados há duas semanas.
“Essa lei que foi votada aprofundará ainda mais as divisões em nosso país. Lamentamos profundamente o distanciamento de parte da liderança dos sentimentos do povo, que se expressou de diversas maneiras a favor da vida em todo o nosso país”, diz a nota da Conferência Episcopal, publicada nesta quarta-feira.
A lei foi aprovada após doze horas de debate e não escutou a voz dos bispos – que em várias ocasiões ressaltaram a necessidade de proteger a vida desde a concepção. Durante as discussões, nesta terça-feira (29), ocorreu uma manifestação em frente ao Senado, em Buenos Aires, com milhares de católicos, evangélicos e membros de organizações que trabalham pela proteção da vida, reunidos sob o lema “Por um #Natal sem aborto: façamos história de novo”. Outras mobilizações contrárias à lei aconteceram em diversas províncias do país. Antes disso, no dia 28 de dezembro, dia dos Santos Inocentes, foi promovido um “Dia de jejum e oração” pela Conferência Episcopal Argentina.
Leia a nota na íntegra:
A Igreja na Argentina quer ratificar conjuntamente com irmãos e irmãs de diferentes credos e também muitos não crentes, que continuará a trabalhar com firmeza e paixão no cuidado e serviço à vida. Essa lei que foi votada aprofundará ainda mais as divisões em nosso país. Lamentamos profundamente o distanciamento de parte da liderança dos sentimentos do povo, que se expressou de diversas maneiras a favor da vida em todo o nosso país.
Temos a certeza de que nosso povo continuará sempre a escolher toda a vida e todas as vidas. E junto com ele continuaremos trabalhando pelas prioridades autênticas que requerem atenção urgente em nosso país: crianças que vivem na pobreza em número cada vez mais alarmante, o abandono da escolaridade por muitos deles, a premente pandemia de fome e desemprego que afeta numerosas famílias, bem como a dramática situação dos aposentados, que veem seus direitos mais uma vez violados.
Abraçamos cada argentina e cada argentino; também os deputados e senadores que corajosamente se manifestaram a favor do cuidado de toda a vida. Defendê-la sempre, sem esmorecer, nos permitirá construir uma nação justa e solidária, onde ninguém é descartado e na qual seja possível viver uma verdadeira cultura do encontro.
Buenos Aires, 30 de dezembro de 2020
Conferência Episcopal Argentina