Neste Dia Nacional da Família, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, concedeu entrevista ao programa Aqui em casa, na TV Pai Eterno. Na oportunidade, ressaltou a família como “Santuário da vida”.
“É no santuário da vida, aí na sua casa, no seu lar, junto com os seus que nós devemos viver a alegria de amar, de viver a gratuidade, de se sentir responsável pelo outro, a alegria de estarmos juntos”, disse o bispo.
O bispo recordou o ensinamento da Igreja de que na família, “núcleo essencial” na sociedade, é um lugar sagrado, “santuário da vida, onde se gera a vida, onde se cresce no amor”.
Para ele, é “fundamental que nós como famílias, como Igreja, nos organizemos para garantir leis que protejam a família, para garantir leis que protejam a vida desde a concepção até seu fim natural e possamos dizer à sociedade que não é só porque somos Igreja, porque que temos fé, que a família é importante, mas porque, de fato, a família é a base da sociedade”. Assim, “quanto mais nos organizarmos e apresentarmos à sociedade esse fundamento de todas as estruturas que é a família, mais garantias e direitos nós poderemos estar garantindo para o futuro da humanidade”.
Igreja mãe diante dos dramas
Dom Ricardo também falou do que tem visto ao visitar as famílias, salientando que a Igreja em saída é também “a mãe que sente os dramas de seus filhos”. O referencial da Pastoral Familiar no Brasil lembrou das inúmeras famílias que se encontram em crises “de amor, de relacionamentos, de pais e filhos que estão brigados uns com os outros, as situações de extrema pobreza”.
“A Igreja como mãe ela quer ir ao encontro das famílias para dizer: por maiores que sejam as dificuldades, não podemos jamais desanimar. A família ainda deve ser aquele local sagrado onde aprendemos a rezar, onde aprendemos a viver essa comunhão com Deus e onde aprendemos a cuidar uns dos outros. Se a família quer estar unida, dobre os joelhos. Família que dobra os joelhos para rezar juntos é a família que vai conseguir vencer os dramas, os problemas, as dificuldades, por maiores que sejam“.
Dom Ricardo Hoepers
Pandemia
O contexto da pandemia da Covid-19 também foi um dos temas da entrevista, sobre como afetou a realidade familiar. Para o bispo, a pandemia, por um lado, “trouxe à tona as crises que já estavam sendo vivenciadas nas famílias”, como violência e separações. Por outro, “as famílias se fortaleceram, se uniram, se aproximaram, aumentou a tolerância, a força de unidade, porque toda crise que aparece na nossa frente não deve ser vista como um problema, mas como uma oportunidade”.
Crianças e adolescentes
Perguntado sobre as tragédias que envolvem crianças e adolescentes na atualidade, dom Ricardo chamou atenção para algumas das razões dessa geração estar fragilizada: “talvez muitos pais, porque também tiveram difíceis momentos de suas vidas, nas suas infâncias, hoje acabaram criando um certo protecionismo exagerado nas suas crianças”.
O bispo exorta que os pais não devem proteger demasiadamente, assim como também não podem “largar demais”, considerando a questão do limite. Os pais também não devem terceirizar a formação de seus filhos para a escola e a catequese na Igreja, “se ausentando dessa responsabilidade”, pois “é na família que os vínculos afetivos e morais se constroem”.
“Sejam ternos, mas também sejam firmes. Essa geração que está vindo terá um grande enfrentamento de problemas morais daqui para frente. Se o pai e a mãe não derem as primeiras expressões da moralidade, daquilo que é certo e errado, e da fé, outros não farão isso“, disse dom Ricardo.
Imaculada Conceição
Neste dia em que a Igreja celebra a Imaculada Conceição, dom Ricardo enviou mensagem ao Portal Vida e Família querendo destacar a família no centro das reflexões da Igreja.
“É um dia importante porque é uma Lei que é civil, mas que se remete à sacralidade da família. Sem a família, nós não conseguimos progredir como humanidade”, afirmou.
“A família também está no centro das reflexões da Igreja neste dia da Imaculada Conceição. A liturgia nos traz a escolha da Mãe do Salvador; o encerramento do Ano de São José nos recorda o papel do pai na família; e o tempo do Advento, na espera do nascimento do Menino Deus nos faz mergulhar ainda mais na beleza desse grande mistério da encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
O Dia Nacional da Família foi instituído pelo Decreto nº 52.748, de 24 de outubro de 1963. A data tem como objetivo homenagear a família, bem como lembrar a sua importância.