A Exortação Apostólica Amoris Laetitia, sobre o amor na família, que completa cinco anos e será celebrada por toda a Igreja Católica a partir de sexta-feira (19), é fruto de dois sínodos convocados pelo Papa Francisco. Em 2014, o casal Arturo e Hermelinda Zamperline, das Equipes de Nossa Senhora, tiveram a oportunidade de testemunhar sobre os 48 anos de matrimônio e contribuir para a discussão em relação à abertura à vida e sobre a necessidade de guiar os casais no tema da sexualidade. Quase sete anos depois, o casal tem o discernimento sobre o motivo que Deus os fez estar naquele encontro.
“A participação no Sínodo nos levou à reflexão de que a nossa missão é evangelizar e desde então trabalhamos neste sentido. Com toda a equipe, temos dado suporte a casais e estimulando aqueles que já moram juntos a tomarem o sacramento do matrimônio, além da atuação nas pastorais, com casais jovens, de segunda união e com o acompanhamento de jovens, viúvas e pessoas sós”, ressaltou Arturo.
O convite para a participação no Sínodo Extraordinário da Família de 2014, como auditores, veio por meio da Nunciatura Apostólica no Brasil, já que os dois eram os responsáveis pelo Movimento da Equipes de Nossa Senhora no país. “Aceitamos esse presente de Deus com muita alegria, e a partir daí foi uma benção atrás de outra”, conta Hermelinda, que foi convidada a fazer as preces durante a abertura do Sínodo em uma Celebração Eucarística presidida pelo Papa Francisco.
No dia seguinte, conta Hermelinda, estava lá o Santo Padre participando de todo o encontro, fato que chamou a atenção do casal. “Ao mesmo tempo humilde e atento a todos. No discurso de abertura, após as orações, nos pediu: ‘Estamos todos aqui para falar com transparência e ouvir com humildade’”, relembra Arturo. E foi isso que ocorreu. “O que mais nos marcou foi a posição firme e forte de cada testemunho. Todos se posicionaram em defesa, primeiro da Santa Igreja e, em segundo, das suas próprias convicções e raízes”, completou.
Participação
Em seu testemunho, Arturo e Hermelinda relataram a participação no Movimento das Equipes de Nossa Senhora desde 1994 e a educação dos três filhos e da neta. A parte principal da partilha foi sobre a abertura dos cônjuges à vida. “O ato sexual é legítimo, querido e abençoado por Deus, mas algo se impõe: é absolutamente necessário guiar os casais para a perfeição humana e cristã da relação sexual”, ressaltaram à epoca.
“A geração de filhos é gesto sublime de amor pela doação da vida. O casal não é fecundo só porque gera filhos, mas porque se ama e, amando-se, abre-se à vida. Diferente dos que, por livre escolha, egoisticamente, decidem não acolher a vida”, disseram.
Eles solicitaram que a Igreja se apressassem em dar aos padres e aos fiéis as grandes linhas de uma pedagogia pastoral que ajude a adotar e observar os princípios acordados pela Humanae Vitae. “É necessário e urgente a prolação de uma orientação fácil e segura, que responda às exigências do mundo atual, sem ferir o essencial da moral católica que precisará ser amplamente difundida”, pediram durante o testemunho.
Após este momento, foi iniciado a etapa de debates em grupos de trabalho reduzidos. Foram seis turnos de discussões em 10 grupos, de 20 participantes cada, entre religiosos e leigos, divididos por língua. “Para nossa surpresa, os religiosos presentes sempre queriam escutar “a família” nas questões que poderíamos contribuir”, lembra Hermelinda.
Amoris Laetitia na prática
Na visão do casal, o reforço da discussão sobre o tema que se apresenta com o Ano Família Amoris Laetitia é uma oportunidade de aprimorar o atendimento às famílias. Principalmente em relação à escuta diante de tantas dificuldades, em abrir sempre as portas para acolher e acompanhar as pessoas no caminho da conversão, além do anúncio do Evangelho.
“Cada Diocese tem sua realidade, e deve trabalhar de acordo com a sua necessidade. Mas acreditamos que o maior ganho desta Exortação foi a sensibilização, a conscientização das sombras, dos desafios enfrentados pelas famílias no contexto do mundo atual. Foi uma experiência única que vivemos, onde aprendemos muito sobre as dificuldades e alegrias neste mundo”, destaca Arturo.
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O ano Família Amoris Laetitia foi anunciado pelo Papa Francisco no domingo da Sagrada Família (27 de dezembro de 2020) e será realizado de 19 de março de 2021 a 26 de junho de 2022, durante o X Encontro Mundial das Famílias, em Roma, com o Santo Padre.
A exortação apostólica, lançada em 2016, é fruto de dois sínodos sobre a família realizados nos anos de 2014 e de 2015. O documento possui nove capítulos que abordam questões sobre a palavra, a realidade, os desafios e a vocação das famílias, o amor no matrimônio, a fecundidade, a educação dos filhos, a espiritualidade, entre outros temas.
Os objetivos do Ano Família Amoris Laetitia anunciado pelo Papa são: difundir o conteúdo da exortação apostólica; anunciar que o sacramento do matrimônio é um dom; fazer da família protagonista da pastoral familiar; sensibilizar os jovens; e, ampliar o olhar e a ação da Pastoral Familiar.
Durante o Ano Família Amoris Laetitia serão aprofundadas discussões sobre a exortação apostólica e como colocá-las em prática nas paróquias e dioceses, além de interagir com as comissões de Educação, Catequese, Juventude, Laicato e Missionária da CNBB, e as pastorais da Pessoa Idosa e da Criança em vista de um trabalho sinodal. Para maio, está prevista a realização de um seminário sobre os 40 anos da exortação apostólica Familiaris Consortio e 5 anos da Amoris Laetitia – questões pastorais, eclesiológicas e morais.