Nesta quarta-feira (9) e quinta-feira (10) ocorreram os dois primeiros dias do Fórum “Em que ponto estamos com Amoris Laetitia? Estratégias para a aplicação da exortação apostólica do Papa Francisco”. O Fórum tem o objetivo de lançar uma reflexão sobre o presente e o futuro da pastoral familiar, para torná-la cada vez mais concreta e próxima das famílias.
No primeiro dia, o ponto alto do encontro foi a mensagem de vídeo que o Santo Padre enviou aos participantes. Francisco insistiu na necessidade de envolver mais na pastoral os fiéis leigos, e em particular os casais, a fim de construírem juntos o tecido eclesial. Assista a mensagem do Santo Padre (ative as legendas):
Antes do vídeo do Papa Francisco, o cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, abriu os trabalhos do Fórum, recordando algumas indicações que o Papa já tinha dado sobre o tema. Especialmente em não se deixar levar pelo jogo do “pode-ou-não-pode”. Além disso, o prefeito lembrou que o Santo Padre, “desde o início do seu pontificado, não se cansa de incentivar a Igreja a esforçar-se para uma renovação geral da pastoral que leve em conta alguns pontos fundamentais: o caráter missionário; um maior envolvimento dos leigos; o estilo sinodal; o caráter popular e não elitista; a ótica do acolhimento e acompanhamento de cada pessoa.”
O secretário do Dicastério, o Pe. Alexandre Awi Mello, apresentou uma análise da divulgação da exortação apostólica no mundo inteiro. O sacerdote falou da recepção inicial da Amoris Laetitia no mundo e do seu impacto na pastoral da família. O secretário destacou como em alguns países foi realizada uma revisão da pastoral familiar à luz de Amoris Laetitia, nomeadamente, nos Estados Unidos, na Bolívia, na Nigéria, na Itália e na Costa Rica. Por fim, concluiu a análise com retorno que recebeu de alguns países sobre as necessidades de como melhor aplicar da exortação e sobre as dificuldades que apareceram neste período recente de pandemia.
Catecumenato no casamento
A Dra. Gabriella Gambino, subsecretária para a Família e a Vida do Dicastério, abordou o tema “O catecumenato no casamento” em uma palestra. A proposta do Dicastério parte de uma fase pré-catecumenal, que coincide na prática com o longo tempo da “preparação remota”, que começa na infância e continua durante a juventude. A fase propriamente catecumenal consiste em três etapas distintas: a preparação próxima, a preparação imediata e o acompanhamento dos primeiros anos de vida conjugal. O cerne de todo o itinerário deve ser a redescoberta da fé, a conversão e o discernimento pessoal e conjugal. A Dra. Gambino frisou na formação dos acompanhadores — casais, sacerdotes e agentes pastorais em geral.
Por fim, o primeiro dia foi encerrado com um testemunho vindo da Espanha. Francisco Albalá e Toñi Caro apresentaram o projeto “Juntos en camino + Q2”, nascido na sequência da publicação de Amoris Laetitia, que proporciona um caminho de preparação para o casamento bastante longo (dois anos), com um acompanhamento profundo dos noivos, no qual eles próprios tornam-se protagonistas do processo. Esse projeto resume-se no acrônimo ADI: Acompanhamento e Acolhida; Discernimento e Diversão; Integração e Inovação.
Acompanhar os formadores
O segundo dia do Fórum foi inteiramente dedicado à formação dos acompanhadores e à educação dos filhos. Os trabalhos começaram com o relatório “A formação dos acompanhadores”, de Davide e Nicoletta Oreglia Musso (Itália). “Acompanhar os formadores que se ocupam de casais e famílias hoje é um desafio que tem luzes e sombras. Sentimos, numa certa medida, a ineficácia de algumas ferramentas utilizadas no passado, mas apreciamos o valor do conhecimento das relações que a nossa Mãe Igreja tem construído ao longo dos anos”, destacou o casal, presidente da associação “Sposi in Cristo”.
Na sequência, a formação dos acompanhadores prosseguiu com dois testemunhos. O primeiro foi o de Ryan e Marie Rose Verret (Estados Unidos), que apresentaram a experiência do movimento Witness to Love, um movimento familiar que trabalha com 80 dioceses espalhadas pelo mundo. Eles procuram fornecer ferramentas adequadas para fazer o casal crescer na mais genuína amizade. Além deles, o casal Christian e Beate Gloeggler, do Movimento de Schoenstatt, falaram sobre a Akademie für Ehe und Familie (Alemanha). A Akademie oferece, em 10 países e no Brasil, um percurso de formação e acompanhamento de dois anos aos casais que se preparam ao matrimônio.
Educação dos Filhos
Os esposos Luis e Pilar Jensen (Chile), consultores do Dicastério, trouxeram um relatório sobre a educação dos filhos, que é o tema do capítulo 7 da Amoris Laetitia. Segundo eles, importante se fazer três perguntas: “1. Os nossos filhos sentem-se amados? 2. Os nossos filhos sabem amar? 3. Os nossos filhos sentem-se amados por Deus?”. Segundo eles, só a partir dessas três perguntas, tão importantes, é possível criar percursos de acompanhamento para os pais, para que tenham as ferramentas para educar melhor os seus filhos a partir da sua experiência pessoal e familiar.
A primeira experiência apresentada durante esta segunda sessão foi a da Escuela de Familias da Arquidiocese de Toledo, através do testemunho de Miguel Angel Lara Villanueva e María José Aroco Allán (Espanha). Elas surgiram da necessidade de ajudar e orientar os pais na educação dos filhos. O projeto é pensado como uma forma de aproximar famílias ‘distantes’ da Igreja ou em dificuldade, para fazê-las redescobrir que a Igreja é Mãe e ajuda muito num dos maiores desafios que enfrentam: a educação dos filhos.
Na sequência, Antonio Crespo e Verónica Fernández (México), da Goodlove Foundation, falaram aos participantes do Fórum. Nascida em 2017 como resposta à exortação apostólica Amoris Laetitia, a Fundação tem por escopo criar uma rede e colocar à disposição dos pais e formadores os melhores projetos de acompanhamento dos pais na formação afetiva e sexual dos filhos.