Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)
Domingo próximo, dia 09/08, é dia dos Pais. Um dia sob ameaça, porque há quem queira relativizar a missão do pai e, consequentemente da mãe, da familia enfim. Há gente ligada ao Ministério da Educação, obediente a um poderoso lobby internacional, que pretende abolir o dia dos pais sob a alegação de que tal comemoração causa sofrimento às crianças privadas do afeto paterno. Mas não é este o principal motivo.
O que mobiliza tais grupos é a relativização do binômio pai-mãe, ou seja, homem-mulher, como origem e espaço do desenvolvimento do ser humano. Suprimir o dia dos pais é uma das nefastas consequências da pretensão de dar dignidade de matrimônio às uniões homossexuais. Quanto ao sofrimento das crianças, filhas de pais ausentes, deve-se entender que a causa do sofrimento não é a celebração do dia dos pais. O sofrimento se instala pela ausência física ou afetiva do pai. E uma boa escola saberá cuidar dessas crianças.
Quanto á missão dos pais – dirijo-me aqui, sobretudo aos pais cristãos -, quero apresentá-la com um trecho do prefácio de um pequeno livreto que tem o título desse artigo:
“Se não for você, quem? Se não for agora, quando? Se não for você o professor de bíblia da sua família, quem será? Se não for você o exemplo de vida para seu filho, quem será? Se não for você o companheiro de oração da sua esposa, quem será? Se não for você o amigo de todas as horas de seus filhos, quem será? Se não for você o provedor de sua casa, quem será? Se não for você o sacerdote de seu lar, quem será?”
No próximo dia 08, véspera do dia dos pais, estaremos oficializando o movimento “Homens Corajosos” na Arquidiocese de Sorocaba, em celebração na igreja de Santa Rosália, às 10 horas. A Santa missa será precedida da exibição do filme “Homens Corajosos”, um filme que recoloca para os homens a grandeza de sua missão na família.
A Comunidade católica “Dois Corações” está à frente dessa iniciativa, nascida nos EE.UU e já presente no Brasil há alguns anos. Esteve conosco o pastor Batista, Humberto, do Estado de Paraíba, que, no dia 28 passado, apresentou para um grupo de homens e algumas mulheres o filme motivador do movimento e explicou sua metodologia.
Ao iniciar esse trabalho missionário em nossa Igreja de Sorocaba quero entregá-lo à proteção de São José, porque ninguém é tão pai como ele. E o faço com uma pequena reflexão sobre seu destemor, fé e coragem.
José amava Maria e viveu um drama muito profundo quando percebeu que ela estava grávida. Tomou a decisão de ir-se para longe, para preservá-la da punição que a lei mosaica reservava para as mulheres infiéis. Não conseguia compreender a gravidez de Maria com quem ainda não vivia. Tinha absoluta certeza da santidade daquela que lhe tinha sido dada em matrimônio. Exausto, José dorme. Como Maria, ele recebe o anúncio, em sonho, de um anjo, garantindo-lhe que a gravidez de Maria era obra do Espírito. José creu imediatamente e, tomado de imensa alegria, acolheu Maria em sua casa. Tal como Maria, entregou-se ao desígnio de Deus, consagrando sua vida ao menino e à sua santíssima esposa. Cuidou dela como quem cuida de um sacrário, com profundo respeito e veneração.
José, homem justo, amou, como ninguém o terá feito, sua esposa e o filho que lhe fora dado pelo Pai do céu. Ele assumiu, no tempo, o Filho de Deus feito ser humano. Não houve e nem haverá ninguém tão pai como José. Todo pai só é pai de verdade quando com a esposa assume, em verdadeiro amor, o filho gerado. E isto São José o fez de forma tão intensa que o menino Jesus aprendeu que seu Deus, o Senhor, devia ser assim como José a quem ele, pequenino, balbuciando, chamava de Abba, papai. Ser pai na terra é ser sinal do Pai do céu. Dele procede toda paternidade ( cf. Ef 3,14). “A vocação de São José foi a de representante do Pai Eterno junto a seu Filho Unigênito na terra. Por isso os autores místicos o chamam de “Sombra do Pai Celeste”, um privilégio especial só a ele concedido.
Você também, esposo e pai, é chamado a revelar o mistério de Deus Pai para seus filhos. Sua relação com seus filhos deve ser tal que lhes plante na alma uma experiência tão boa que lhes permita chamar Deus, com alegria e confiança, de Pai (papai), como Jesus.