Apostolado da Igreja Católica presente no Brasil e no mundo busca oferecer acompanhamento pastoral a pessoas com atração pelo mesmo sexo
Reportagem: Paulo Giraldi/CNPF
Você irá conferir reflexões sobre a caminhada de pessoas homossexuais na vida da comunidade cristã. O que diz a Igreja? Quais os caminhos a percorrer? Qual orientação às famílias? Como as paróquias podem acolher os homossexuais? Na entrevista com o brasileiro e membro do apostolado Courage, Maurício Marcos Abambres, você irá conhecer um pouco sobre a missão deste serviço da Igreja Católica. Confira aqui a série completa.
Courage, que significa “coragem”, é um serviço promovido pelo episcopado da Igreja Católica. Os apostolados estão presentes em mais da metade das dioceses dos Estados Unidos e em quatorze países dos cinco continentes, incluindo o Brasil.
A missão do Courage
“O Apostolado Courage busca auxiliar homens e mulheres católicos que tem atração pelo mesmo sexo (AMS), designados comumente como homossexuais, a viverem de acordo com o ensinamento da Igreja Católica acerca da homossexualidade, ou seja, uma vida de castidade e busca pela santidade cristã, como propõe a Carta Pastoral “Homossexualitatis Problema” promulgada pela Congregação para a Doutrina da Fé em 1986. Não somos um grupo de terapia reparativa ou que busque diretamente a reparação sexual, ou seja, eliminar a AMS e desenvolver a atração pelo sexo oposto (ASO). O apostolado foi idealizado pelo cardeal-arcebispo de Nova Iorque e fundado em 1980 pelo padre John Harvey, OSFS. Em 1994, o Courage recebeu aprovação do Vaticano a partir do Pontifício Conselho para a Família. Recebeu, ainda, apoio pessoal do Papa João Paulo II e do Papa Bento XVI, que acompanhavam o trabalho diretamente desde a fundação”.
Courage no Brasil
“No Brasil o Apostolado se estabeleceu em 2009 e a partir de 2011, começou a trabalhar com duas células, uma no Rio de Janeiro e uma em São Paulo, onde residem os responsáveis pelo Courage no Brasil. No mundo todo, o Courage possui cerca de 120 sedes, sendo que no Brasil, foram fundadas as duas primeiras no intuito de no futuro abrir muitas outras. Somos um apostolado submisso à autoridade eclesiástica, mas que atua independentemente de qualquer outro movimento católico, porque o foco do nosso trabalho é atender a todos os católicos, homens e mulheres que enfrentam lutas com atração pelo mesmo sexo (AMS, que no mundo secular chamam de homossexualidade) e atração por ambos os sexos (AAS, que no mundo secular chamam de bissexualidade)”.
A procura no país
“A procura das pessoas pelo Courage, no Brasil, infelizmente ainda é pequena. Há o tabu existente em relação à atração pelo mesmo sexo, a falta de compreensão de padres e leigos sobre o assunto, a vergonha das pessoas com AMS de se expor e em procurar ajuda, além de existirem aqueles que nos procuram apenas com o intuito de se tornarem ‘heterossexuais’. Atualmente a faixa etária que mais tem nos buscado está entre os 25 e os 35 anos. No Brasil, atualmente, a maior parte dos casos que atendemos é de homens com atração pelo mesmo sexo. No entanto, são poucas mulheres. O nosso modo de trabalhar é por meio de “acompanhamento” e de “células de oração e partilha”.
O acompanhamento
“O acompanhamento é feito individualmente por um conselheiro leigo do apostolado. A pessoa e o acompanhador interagem pessoalmente, via e-mail, Skype, Facebook, e juntos analisam a sua situação com relação à AMS. A pessoa acompanhada, quando é possível e a situação na qual ela se encontra permite, é convidada a participar das nossas “células presenciais de oração e partilha”. Nas células, num ambiente de solidariedade e sigilo, os membros do Courage se reúnem sob a orientação de um líder, para juntos rezarem, partilharem as suas lutas, desafios, vitórias, e receberem orientação sobre temas psicológicos ou espirituais relacionados diretamente à AMS. As células, além do líder e sempre que possível, são acompanhadas por um sacerdote, responsável por oferecer direção espiritual, fazer algumas das formações, atender confissões, etc. O acompanhamento, além da convivência e partilha por meio das células, ajuda as pessoas a direcionarem a sua vida de maneira católica e a perceberem que a proposta da Igreja para a vida delas é mais do que possível: é fonte de felicidade e santificação pessoal”.
Atitudes práticas
“O que é proposto nas cinco metas são atitudes práticas para quem quer ser realmente cristão, atitudes calcadas no próprio ensinamento católico, e que qualquer cristão pode e deve cultivar: castidade, vida espiritual, espirito de fraternidade cristã, sadias e castas amizades e testemunho cristão. O objetivo das metas é favorecer ao membro do Apostolado uma oportunidade de vida sadia, coerente e cristã, além de ser um caminho de santidade simples e de acordo com o ensinamento de São Francisco de Sales, que nosso fundador, padre John Harvey nos deixou”.
5 metas de vida
1. CASTIDADE – Viver uma vida casta de acordo com o ensinamento da Igreja Católica Apostólica Romana acerca da homossexualidade.
2. ORAÇÃO E DEDICAÇÃO – Dedicar a própria vida à Cristo por meio do serviço ao próximo, da leitura espiritual, da oração, da meditação, da direção espiritual particular, da participação frequente da Missa e do recebimento constante dos sacramentos da Reconciliação e da Santa Eucaristia.
3. FRATERNIDADE – Cultivar um espírito de fraternidade no qual todos podem partilhar seus pensamentos e experiências e, assim, assegurar que ninguém venha a enfrentar sozinho os problemas da homossexualidade.
4. CASTAS AMIZADES – Ter em mente as seguintes verdades: que as castas amizades não são apenas possíveis como também necessárias na vivência da castidade cristã e que, no seu cultivo, elas oferecem um mútuo encorajamento.
5. VIDA EXEMPLAR – Viver a própria vida de tal modo que sirva de bom exemplo para os outros.
(Fonte: Courage Brasil)
Confira aqui a série completa.
*Matéria publicada originalmente na edição n.99 – Ano 2015, da Revista “Vida e Família” da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB e Comissão Nacional da Pastoral Familiar. Contato: revista@cnpf.org.br