A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai retirar a nomenclatura “velhice” na atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID), que passa a valer em janeiro de 2022. Com isso, a velhice entrará como possível fator associado à causa de uma morte, por exemplo, e não mais como a causa definida e assim registrada no diagnóstico médico.
O tema foi discutido em julho deste ano, em live promovida com a Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) que contou com a participação do médico especializado no estudo do envelhecimento e presidente do Centro Internacional de Políticas para o Envelhecimento no Brasil, Alexandre Kalache. “É uma grande vitória da sociedade civil”, celebrou o especialista após a confirmação.
Em junho, a Comissão de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já havia se posicionado contrária à decisão da OMS de inclusão do termo na classificação de doenças.
Nos últimos meses, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) também atuou intensamente para evitar que a classificação fosse concretizada. Para a presidente da entidade, Ivete Berkenbrock, a revogação da decisão demonstra que a união dos grupos envolvidos, com argumentos fundamentados, fez a diferença para que a OMS reconsiderasse sua posição. “Apesar de situações técnicas ainda não estarem definitivamente resolvidas para a tradução do CID-11, consideramos uma vitória o fato de a OMS ter ouvido a voz da manifestação iniciada no Brasil”, avalia a Dra. Ivete Berkenbrock.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, ressaltou que ninguém pode tratar a velhice como doença e que os idosos “são um presente e nos ensinam a nos tornar pessoas melhores’.
“Desde o momento da concepção até o fim natural, até o entardecer, a vida é sagrada é inviolável. Se temos que agradecer é pela presença dos nossos idosos, dos nossos velhinhos juntos conosco nos ensinando, nos mostrando o quanto a vida vale a pena“, disse dom Ricardo.
Dia Mundial dos Avós e Idosos
Neste ano, a Igreja em todo o mundo celebrou o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, em 25 de julho. No Brasil, foram realizados eventos on-line, programa de rádio e uma missa dedicada às pessoas idosas – uma iniciativa conjunta das Comissões Episcopais para a Vida e a Família e para a Juventude da CNBB e as Pastorais Familiar, Juvenil e da Pessoa Idosa.
O Papa Francisco institui a comemoração que deve ser celebrada a partir de agora, todos os anos, no último domingo de julho – próximo ao dia de Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus.
“Não existe uma idade para aposentar-se da tarefa de anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É preciso pôr-se a caminho e, sobretudo, sair de si mesmo para empreender algo de novo”, apontou o Santo Padre à época. “Atenção! Qual é a nossa vocação hoje, na nossa idade? Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos pequeninos. Não vos esqueçais disto”, completou Francisco.