Antes da celebração do sacramento do matrimônio na Igreja Católica, os noivos passam por uma preparação na paróquia, que ainda é conhecida popularmente como Curso de Noivos. Muitas dessas paróquias ainda promovem aqueles encontros de um dia ou um final de semana com várias palestras, em outros lugares, já se avançou para um acompanhamento personalizado. Mas, com a pandemia do novo coronavírus, como realizar esta preparação?
A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) procura responder com a colaboração dos dois autores dos materiais com a proposta mais recente da Igreja para esta preparação ao matrimônio. Entrevistamos padre Crispim Guimarães, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB e Secretário Executivo da CNPF, o autor do “Itinerário Vivencial de acompanhamento Personalizado para o Sacramento do Matrimônio”. Também conversamos com André Parreira, que junto com sua esposa Karina, oferece às paróquias o livro “Matrimônio: Encontros de preparação”. Ambos os materiais estão disponíveis na loja da CNPF.
Cursos on-line
Uma dúvida que surge neste tempo de pandemia, em que muitas atividades presenciais foram transferidas para o ambiente virtual, é se podem ser promovidos cursos on-line.
Padre Crispim Guimarães explica que um curso on-line, só deve ser realizado de forma temporária, durante o período da pandemia. “E isto compete exatamente a cada diocese que se organiza com suas paróquias, observando as necessidades mais urgentes”.
O Secretário Executivo da CNPF explica ainda que a Pastoral Familiar não pode oferecer uma “formação nacional”, por exemplo.
“Cada diocese tem suas peculiaridades e vai, portanto, fazer este programa, dependendo do número de pessoas que desejam casar-se neste período… Cada situação particular tem sua própria realidade para ser resolvida. A vida da Igreja acontece nas comunidades paroquiais. Se o nacional organizar algo nestes moldes poderá invadir um espaço que não lhe compete, além de correr o risco de não observar os aspectos culturais dos mais variados lugares deste país continental”, salienta.
André Parreira reforça a ideia de que a preparação para o sacramento é de responsabilidade paroquial, sob as orientações diocesanas. E conta que várias dioceses e paróquias autorizaram a preparação através da Internet neste período. “Tenho notícias que em vários locais do Brasil estão utilizando o nosso livro “Matrimônio: Encontros de Preparação” como texto base e os agentes e noivos seguem o livro através dos encontros por ferramentas de videochamadas”, partilha.
Parreira explica que, em geral, o casal adquire o livro e agendam os encontros na mesma frequência que seria presencial, um por semana ou por quinzena. “Os casais fazem as tarefas, apresentam e discutem. Temos essa experiência de acompanhar noivos e tem sido muito produtivo”, conta.
A paróquia define
“Mas tudo deve acontecer sob a concordância do pároco, uma vez que o ideal seria presencial. Mesmo em tempos fora da pandemia já atendíamos casais via Internet, mas casos especiais, como os noivos estarem distantes um do outro”, pondera André Parreira.
A paróquia, dessa forma, deve definir a melhor forma de levar adiante a preparação dos nubentes para o matrimônio. Padre Crispim também ressalta que o livro preparado por ele pode ser adaptado à nova realidade: “Se a paróquia quiser usar o material do Itinerário Vivencial para Acompanhamento Personalizado e aconselho que o faça, é perfeitamente compatível. Ela pode adaptar e ver como fazer. É a paróquia que, tendo o material, deve fazer a programação e também trabalhar os conteúdos da melhor forma possível neste período, pois estamos falando de um tempo especial”.
O Secretário Executivo da CNPF ressalta, porém, que a adaptação deve ser feita de tal forma que não prejudique aqueles que já estavam pensando em casar-se e também “tenha o mínimo de qualidade no momento da preparação”.
Sobre a dinâmica dos encontros, André Parreira partilha que são usadas músicas, enviados textos adicionais, trechos de filmes, “tudo como se fosse presencial”.